sábado, 30 de agosto de 2008

O ofício de Lázaro

Anda, que sem caminho não há aventura, não há amores.

Senta e descansa como um príncipe fatigado, mas não desiste nunca e atreve-te na conclusão dos teus sonhos e princípios, como se fosses o ferreiro a bater no aço e forjar cumes para abrir o peito do inimigo e ter nisso um ofício digno e a oportunidade de criar fortalezas e defesas próprias. Como se te opusesses a um ato tresloucado de outrem. Apenas um trabalho bem feito e que permita defender teu espaço.

Não te esqueças que isso demanda esforço. Calos nas mãos. Demanda perícia, estudo e mesmo que um dia te enviem para a luta de outros, vai e faz a tua parte. Sê amigo e manda cartas quando estiveres te aproximando de casa, dizendo coisas simples como se teu coração estivesse num azul celeste por estares te aproximando de quem amas.

E depois vai a casa e ama tua esposa. Uma noite inteira escuta as verdades dela. Diz que sim. Repousa no peito dela e encolhe as pernas para ela saber que te pode proteger, mesmo que longe dos olhos dos outros. Ela te pertencerá para sempre e tu a ela, sem força ou brutalidade, sem acertos ou papéis bizarros a definir teus sentimentos e quereres.

Espera, que o dia vem logo a seguir, trabalha de sol a sol e viaja nas marcas da tua labuta. Transporta-te para as pradarias das terras de cima ou para os lagos calmos da tua infância solitária. Lá, não estarás sozinho como antes. Não. Estarás com as palavras que aprendeste e com as paisagens que te comoveram. Terás idade e talvez uma culpa ou muitas. Serás um homem. Conhecido ou não, mas terás o amor. E com isso, podes ser o que quiseres.

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