Soube naquela manhã que algo lhe faltava. Sentiu o dia esvaindo-se, a noite chegando e alguma coisa continuava errada. Um mês inteiro se passou e ele com a estranha sensação de que alguma coisa ficou para trás. Indefinida. Montada num grande engano que ele não sabia como desfazer. Sentiu tristeza. Conformou-se com as poucas lembranças daquela última noite agitada e sozinha. Concluiu que não era uma forma. Não era um corpo ou uma foto não tirada que lhe faltavam. Não era o retorno, ou tampouco o edredon contra o frio. Era ouvir-se dizer um poeminha infantil àquela que, como ninguém, encheu de lambaris priscados os seus sonhos e deu-lhe os amanheceres mais felizes de toda a vida. Pediu permissão a Manoel de Barros e publicou em seu pequeno jornal de bairro, uma sua cantiga.
"De minha mão, dentro do quarto
meu lambarizinho
escapuliu - ele piscava
priscava
até cair naquele
corixo.
E se beijou todo de água!
Eu se chorei..."
Ele espera que ela sinta-se protegida onde quer que esteja...
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