Faz silêncio, mas eu crio. Crio como nas comiseradas noites em que te mantive. Surtada, doente ao pé de nossa entrega, ardendo em febre a dizer que jamais sairia dali. Nossa estátua promíscua, nosso hediondo gárgula de pedra. Teu afazer longínquo de um choro mentiroso e castanho, agora apenas altera o risco do desenho muito negro que inicio. Não dedico minhas obras a ti. Que era enquanto isso se dava que eu me esvaziava e diminuía. Arqueado sobre meu próprio passado a procurar entender o que não fazia sentido. E não fazia por não ser minha, tua desobediência, tua insistência em desusar-se e buscar noutros solos anuência à loucura. Pastavas como a dona do meu verde. Minha esperança desintegrando-se em tua boca. Até que me fui. Dia desses, te vi andando dona de outrem, toda confusa. Olhando de através da raiva minha figura na fila. Sim, vi teus olhos. Enxerguei tua procura e confirmei sentindo no teu rastro de olho aquela tua desconfiança que inquire o mais óbvio semblante. Senti que foi melhor manter-me duplo, entre trilhos. Houvesse teu singular vencido já me teria ido aos confins. Nem quero pensar, não faz mais sentido. Finalmente. J.M.N.
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