terça-feira, 2 de agosto de 2011

Coisas com as quais sonhar

Agora há muitas coisas com as quais sonhar, porém meu pequeno sucesso em manter-me presente, atento a tudo o que me dizem os viventes, está impedindo que as coisas me venham sem uma censura prévia. Ontem, sonhando em ser um soldado, acabei pisando numa mina terrestre. Bum! Tudo acabado. Dias antes fora um vadio charmoso pelos bulevares de Hollywood. Depois um astro. Depois um pai descobrindo alegre a rendição à doutrina, o filho posto de lado, nascendo para a civilização como um homem de bons modos e amor nenhum. A heroína acabou com o despertar sortudo de imaginar um roteiro aprovado pelos grandes diretores. Uma mulher dentro da veia. Um ultraje. Essa imediata recrudescência de meus piores medos. Regresso do pacto físico feito com a parentália. Esforçar-se para morrer sem ser visto. Goethe com um ou dois pingos de rum e tequila barata e o diabo a perguntar: haverá esperança, caro José? Faltou-me culto, bonança. Uma voz de impressionar. Fico aqui de grosa em punho, talhando palavras e arremedos. Um dia ela para até me convencer de que sou bom demais no que faço. Um dia eles vêm e pegam minhas páginas para limpar suas lágrimas. Ora veja, meu bom vilão... Assim começo outro sonho e logo, logo me entreponho no vão de vigília que ainda resta para dizer: Sou esse sim. Em carne, ossos e orações. J.M.N.

Para ler escutando…

Um comentário:

Anônimo disse...

Isso é muito bom.

Flávia.