Fiquei impedido de existir. Suspenso nas confusões do silêncio. Fiquei feito um incêndio. Consumido. Fiquei pasmo por tua beleza. Morto no teu convite de permanência. Quase falo de botânica e azulejos, os assuntos mais absurdos para mim. Quase crio impossibilidades, ou um novo mundo em que só nós habitássemos. Quase quebro a monotonia do espetáculo e te arranco da boca, um beijo e mais outro.
Deveria te dar outro nome e te levar comigo, para além daquele ambiente indevido. Daquelas pessoas aquém. Devia mesmo ter te tomado num susto, ao pé da porta entreaberta e ter te trancado no meu peito absurdo, fazendo-te respirar ofegante para sustentar meu próprio desatino.
Quero te chamar de engenho e morar no teu corpo profuso, feito o doce que sai in natura, feito nódoa que não sai nunca. Vem comigo neste ímpeto inconseqüente, num descuido que recriará a harmonia dos dias e dará razão, quem sabe, a esses dizeres.
Esqueça do que me chamaste, do que me disseste à saída. Sei que ainda existe história entre as tuas e as minhas tardes. Me deixe te ofertar romarias, aonde irei sem andores ou preces, entregue como só tu me elicias a dizer poesias ou quem sabe, o que mais quiseres. J.M.N
Um comentário:
Num dia dificil é bom ler estas palavras e voar.
um beijo
ana sofia
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