segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Depois do crime

O último riso ficou represado. Indistinto no passadiço iluminado de todos os seus outros atos finais. O tiro que lhe extinguiu não veio do inimigo. Veio do cano de quem lutou ao lado, vida-a-vida na entrega da batalha. Até no fim conseguiu dar sentido e graça à sua estatura. Parecia maior e mais decente que os demais. Não resvalou. Pediu para que ela se lembrasse das orquídeas e foi assim que arrumou sua partida. Silêncio e flores. Não sem razão todos choraram demoradamente e o assassino sentiu que ele próprio morrera em vida, uma dor de vencido, apesar do sucesso. Morte e orquídeas – outra forma de dizer.
Não! Ela jamais o esqueceria. J.M.N

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