terça-feira, 20 de outubro de 2009

O resto das lembranças de ontem

"Parai todos os urros e afagos.
Deteis os invasores e seus carrascos,
que antes de cessar a luz do sol de setembro,
voltará da casa-morte, aquela que a tudo
redime. E seja feita a sua vontade."

Os mares de Catênia - Primeira História

Tudo começou com um abraço e a cortesia pouco comum, mais que um pagamento pelos serviços prestados. Havia o cinza da tarde em comunhão com as horas de um trabalho problemático. Sua entrada foi um sopro de novidade, estréia das elucidativas perguntas sobre o querer. Ademais, vontade. Ela, esplêndida. Averiguava-se a cada segundo. Suas roupas. Sua maquiagem. Ele cedeu. Era Outubro, muito perto do fim das coisas mais constantes, as quais lhe asseguravam uma vida quase feliz. Dali em diante, haveria de definir com outras orações o afago edificante daqueles encontros cada vez mais sentidos e esperados. Uma euforia que se achegou como se toda a fauna extinta houvesse tapeado as moções humanas e retornado aos campos esquecidos, num sopro de vida avassalador. Daquele ponto em diante, ambos haveriam de redefinir as certezas eunucas e infringir toda a sorte de pacifismos para estarem-se descobrindo surdamente nos entreatos espetaculares da alegria inaugurada no primeiro encontro. Foi como um ataque de nervos, algo que impossibilita os escapes. Enquanto o mundo se descortinava nos segredos das madrugadas vividas agora pelo próximo olhar, era como se a história já estivesse escrita e preparasse sua audiência final. Pleito demandado ao início. Uma certeza de que ambos estariam mais seguros em pólos opostos. Garantidos pela blindagem da distância forçada, quando se despediram naquele dia de maio. Enquanto um coagulava de raiva e desamparo, o outro se desdobrava em culpas impensáveis, desejando em cantigas infantis, que os céus o fizessem sobreviver a mais aquela imprudência de seus ímpetos. J.M.N

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