quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Amor Esquece de Começar - Fabrício Carpinejar

Não estou certo de que Fabrício Carpinejar entenda de amor. Não estou convencido de que o escritor tenha propriedade para intitular seu trabalho de O Amor Esquece de Começar. Afinal, depois de lê-lo, fiquei com a impressão de que seu livro é feito de sobras, de coisas escritas em pedaços de papel de pão, cantos de conjuntos americanos de papel, em restaurantes desconhecidos mundo afora.

Fiquei incomodado com alguma sintaxe encontrada naquelas páginas de O Amor… E, no fim das contas, fiquei puto com algumas afirmações que me fizeram ver o quão apaixonado eu sou, o quão dependente deste sentimento esquartejador e sacrificante que atende, desde de tempos imemoriais, pelo apelido – Amor.

Acontece que o cara está me seguindo. Onde eu vou, este livro maldito vai atrás. Trazendo perguntas, mexendo com a simplicidade de coisas que me são caras e causando equívocos em minha residência de saudade. Tornou-se um amigo. Um cúmplice. Que não é um quinhão perdido, mas o eco de muitas coisas que admiro poder serem ditas de forma tão leve e despreocupada.

Dai lembrei de Goethe, dizendo que se encontra o que busca, se busca o que se sabe e fiquei com a sensação de que procurei Carpinejar neste momento específico e ele se deixou encontrar. Com a simplicidade do coloquial proseado e ao mesmo tempo poético. Cheirando Quintana, batendo papo com Borges e, o.k., fazendo alguns desses dias malditos, despertarem acolhidos e confortados com linhas como: cinzas que choram rindo, longamente longe das brasas.

Não estou certo sobre o que estou dizendo. E agora me preocupo com as sobras, com os escritos militantes dos balcões de padaria, meus ditos inacabados, saudades imensas. Não estou convencido de que românticos inveterados devam dar dicas sobre livros que tenham um nome como este: O Amor Esquece de Começar, pois quando vamos ver, já estamos entregues, acreditando em cada linha escrita, em cada eco surdo daquela província de palavras e poesia. J.M.N

3 comentários:

Anônimo disse...

O Carpinejar vicia. Não conheço quem tenha lido seus textos e não tenha virado seguidor, nem que seja pra ter o prazer de descordar das suas idéias, já que ele opina sobre assuntos controversos, principalmente sobre o amor.
Eu o considero inspirador...

José Mattos disse...

Sem dúvida inspirador!
Dá vontade de elogiar ao contrário. Fazer brincadeiras com a seriedade de suas opiniões. Exatamente como ele se permite fazer.

Abraço,

J.Mattos

Mayara Fernandes disse...

Gostei da frase, realmente quando deixamos de ser um dos dois, não somos nem a metade que começamos a historia!!!

Experiencia!!!