quarta-feira, 15 de julho de 2009

Coisas escritas sem razão?

Hoje teu olho me calou instantaneamente. Não soubeste. Tenho os nervos em frangalhos e a compaixão do funcionário do edifício. Pergunto coisas sobre tua rotina, sobre teu lixo doméstico. Os encontros às escondidas. Nenhuma mentira foi capaz de domar minha tristeza e acho agora, que dela estás ciente. Na outra noite assumi que sofria de romance. Meus dedos ainda te tocam em demasia. Especulo que por medo não estamos perto um do outro, mas nenhuma seriedade me ocorre e acabo achando que fiz de menos. Perdoe-me qualquer ilusão derivativa, ok? No meu ofício aprendi a ser mais paciente, prova de que saí da distância incomensurável da minha solidão e bati à tua porta sem saber como seria. Quero tua beleza, pois me importa a fonte de tanta intranqüilidade. Ainda que não me digas sinceramente, atrevo-me a assumir que me queres do mesmo jeito. Andas pelo meu bairro, comes nos mesmos lugares e entras sempre olhando para as pessoas da fila, desconfiando. Cansei de esperar por aquele boa noite. Queria te encontrar em outros tempos, onde escreveria uma literatura barata, beijaria bocas pensando em ti e dormiria um sono desavisado, sem relembranças ou coisas que não me pertencem. J.M.N

2 comentários:

Anônimo disse...

Doentio, mas bonito!

José Mattos disse...

Vou com Nietzsche...

"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."

Um abraço,

J.Mattos