quarta-feira, 8 de julho de 2009

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Estava mais uma vez envolto por madrugadas pendentes de dias não dormidos. Pensando, provavelmente, nas coisas que haviam de ser ditas e não foram. A impressão errada é sempre a que fica, sentenciei-me. Perdera seu primeiro amor num sábado qualquer, de tarde. Teve a pior crise de sono de todos os tempos e ao acordar, as únicas sintaxes conseguidas foram: acho que dormi demais! cadê minha blusa azul? sei que existe vida noutra parte dessa droga, tem que existir! As coisas andavam muito normais, vamos dizer. Cansou. Deixou tudo de lado e foi ser. Olhar o mundo de perto. Ver as ruas que só em devaneios faziam seus caminhos diários. Voou em julho. Para fora de lá. Era para ser sem escalas. Direto para dentro. Rumo ao peito vivido num espaço de tempo que é para poucos. Assim dizia o cara que lhe projetara. Um raciocínio minimalista para se assegurar de que as coisas eram alheias à vontade dele e, por isso, não poderia interferir. Juntando meia dúzia de razões para o fato, podia dizer, simplesmente, deu no saco. A cidade estava morta. Ele estava de partida... mais uma vez.

Foi exatamente até este momento que ele soube responder a todas as questões e deitar sossegado. Muito além daquela distância que nascia, havia um estranhamento novo. Um ruído impreciso que se instalou nos seus sentidos naquela tarde de maio e nunca mais foram embora. J.M.N

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