terça-feira, 21 de julho de 2009

O mar, o tempo e as coisas encontradas

Dia quente, sal e vento e cabelos grisalhos. Lá estava o senhor tempo. Sentado em meio aos barulhos dos móveis, veículos e ondas do mar. Vestindo nada mais que a idade existida, tomando a água que não se encontra em bilhas. E ali contava coisas dos dias antes das auroras terrenas. Encontrado num tom de confissão pregressa, mas sem culpa. Olhos vidrados em alguns momentos silentes, recônditos do corpo cansado em que as palavras agasalharam-se como reumatismos e travaram os movimentos e limitaram as fugas. Estava inteiro. Causando versos em quem o ouvia. E os fortuitos ransos se diluiram e houve até confissões de amor. Uma dúzia de arrependimentos e olhos calados que mastigavam a sombra do tempo deitada sob o sol esturricante de julho. A pele conformou-se na distância do toque e apenas mudou a textura e a cor conforme o sol lhe dizia seus raios e não havia abandono nisso. Um dia como outro qualquer em paraísos de encontro - isso haveriam de descobrir. A humanidade celebrada nas descobertas divinas e nas memórias a dois. E o cheiro do mar atravessando as narinas e encontrando coisas que perfumar - o sentido do filho, o lugar oculto do pai reencontrado. Um descanso dentro do peito, uma voz que antes queria gritar e agora sente apenas que deve dizer as coisas amáveis conforme as ondas do mar ensinam e praticam suas idas e vindas. J.M.N

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