segunda-feira, 14 de abril de 2008

Poemas de óleo e luzes

The Milkmaid (1658 - 1660), Rijksmuseum, Amesterdão

Johannes Vermeer (1632 - 1675). Pintor holandês do século VII. Viveu envolto em mistério. Não porque quisesse ou buscasse as reticências para sua existência, não. O mistério sobressai, pois seu legado indiscutivelmente importante para a pintura mundial, requereu, muito tempo depois de sua morte, a busca pelo homem por detrás de impressionantes pinturas como A leiteira (acima).

Infelizmente na escala em que aqui se apresenta o quadro, não podemos ver a perfeição do retrato de uma cena cotidiana e corriqueira. Mas através da simplicidade do ato, Vermeer traça seu lustroso poema que, para muitos, figura como a encarnação da perfeição, da eternidade de um fio de leite que não para de cair jamais.

A impressionante arquitetura de cores, luzes e sombras arremata esta composição etérea em cujo fazer doméstico se torna um ícone da beleza, da plasticidade de uma cena marcadamente feminina e detalhada. Um raio de luz entrando por um vidro quebrado, a sombra de um prego que não segura nada, um azuleijo colocado ao contrário, enfim.

Ver esta pintura em seu tamanho original, talvez não cause muita impressão em um transeunte distraído, mas ao conhecer o trabalho de Vermeer, há que se impressionar com a destreza de sua mão, a suavidade de sua entrega à sublimação espectral da pintura. Olhar um Vermeer é, afinal, contemplar um poema pintado.J.M.N

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