Que tão boas sementes plantamos às vezes com os olhos. Andava pela sala sem o propósito de estar, fazer presença, acontecer como um convidado especial e, no entanto, ela perguntou por mim. Reduzido aos meus instintos, sem meu semelhante junto de mim, sem a guerra ganha contra aquilo que sou ou que fui recentemente. Ancorado em deltas longe de casa, ao acaso, este demônio mais certo que o fim e ela, ela perguntou por mim.
Nas trincheiras da guerra que ela trava entre saber-se perdida nos abraços glaciais que ele produz, a linha costurada da família sobre si, sobre seu destino atando em nós minúsculos sua vontade, suas esperanças, mas mesmo assim, ela perguntou por mim. Sua pele dormida entre a distância do Saara e os laranjais de sua terra, seus olhos cor de mel, entre a certeza e a galhardia de ter sido entregue como prêmio, como espólio, mas ela encontrou tempo para perguntar por mim.
Ela que sem dizer nada com olhos voltados a mim, fez meu ano acabar com um raio de nobreza e ciência de que a quentura que sinto, afinal, anda nos corações por ai. Ela cujo encanto desatou os últimos nós que me prendiam ao que os outros desejaram de menos para mim, meus sinceros agradecimentos. Minha mais profunda devoção e poemas, em sinal de uma espera que talvez não se complete, mas que escreverá tantas linhas como se fazem raios de luz em seus olhos. J.M.N.
Um comentário:
Terminar um ano e começar outro.Trazer poesia e beleza à vida de tantos que lêem este blog, que é um dos meus vícios mais frequentes (dentre tantos). Que 2011 seja tão lindo ou mais que 2010!
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