Para tudo que nasceu em mim entre a costa sul da Inglaterra
e as alamedas de Coimbra, e continua a ecoar
Sempre tantas coisas a fazer. Gostar de doces novos sabendo a pele morena. Recompor o álbum de fotografias. Deixar de gostar do beijo de sempre. E entrar para toda vida no hall dos abandonados. Tomar elixir de esconder os anos. Olhar certo para o meio das pernas de alguém. Sempre tanto atropelo, tanta via congestionada. O dia-a-dia se resolvendo com um adeus. Saber dela nos braços e outro enquanto compro livros. Encontrar um bom par de pernas para admirar e escrever um poema. Desejar estar morto no fim do dia. Ter raiva da desatenção do chefe. que te expõe como um peão escartável o jogo. Ter mais raiva ainda do amigo que jamais entendeu a sua carta suicida. Sempre tantos danos causados, sempre sessões de tortura. Um ano inteiro pensando no fim. Encontrá-la na fila do aeroporto, do outro lado do mundo e dizer que sente muito, enquanto ela faz o check-in. Morrer de overdose num bar na Dinamarca prestando atenção no porto de uma cidade linda. Escrever para parentes enterrados, para avós sobrenaturais que invadem o sono e cobram caro terem sido seus ancestrais. E não saber o que dizer quando ela pede para ficar em sua casa. E querer ensinar-lhe a fuga quando finalmente ela usa a palavra amor. Sempre uma fossa guardada no bolso. Sempre um rodeio para chegar aos seus confins. E o som da sala toca Beethoven e rock inglês na mesma altura. Estou costurado a um passado mais dos outros que meu. E nessa convergência de danos, surpresas, encontros e agravos, pergunto como posso te amar, quando a noite teima em crescer dentro do meu coração? Sempre tenho boas respostas para perguntas assim. Mas acho que hoje, vou deixar o destino me pregar uma peça. Vou deixar a história em suas mãos. J.M.N.
Para ler escutando…
2 comentários:
Esses posts com vídeos se tornam trilha sonora dos textos! Acho-os ótimos e acabo, através deles, conhecendo coisinhas novas(às vezes relembrando algumas trilhas sonoras da minha vida...).
P.S: O que vai rolar de bom por Belém no feriadão de outubro (além da libação gastronômica de sempre..)? Estarei por aí.Bjs.
sempre lindo e sempre fazendo pensar e recordar o que não foi, o que poderia ter sido, mas fica sempre no coração.
um beijo grande
ana sofia
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