Era pouco mais de uma vida. Tinham sido entregues um ao outro no espaço tempo daquele lugar. Ruas alagadas por todo lado e a cidade resmungando seus filhos descuidados entre mau cheiro e umidade.
De repente fazia sentido partir. E fazia mais sentido partir sozinho, debruçado em literatura estrangeira. O ar viscoso das ruelas e esconderijos empatando a respiração da carne havia tempos e o naufrágio do olhar de esperança, devagar e longo, sabendo a abandono e isolamento.
A comida com o mesmo gosto de sempre. A pergunta veio como um tiro, te importas se eu me mudar por uns tempos? Não lembraria a resposta, mas sim a cara que ela fez. Uma irritação interminável de ter que responder. Apenas aferiu que era tempo e, hum, hum, vai.
Pouco tempo depois a poeira tomava conta das cartas de amor e das roupas dele esquecidas em seu armário. Fora do tempo, a lágrima dela parecia mais por si do que por ele. Onde estavam os dois?
Ela dentro da mesma questão uterina e agravada, serei completa? E ele no pandemônio das entregas de si a tantos cuidados e pouquíssima referência... ainda vou fazer de importante na vida! Isso tudo passou e as mesmas dores de coluna persistem. Bem na frente da janela de cada um, milhões de oportunidades. E a espera que passem, sob o olhar de espera um do outro. J.M.N.
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