domingo, 28 de setembro de 2008

Noite meia... um estado único

Ah não! De novo não, tá? Isso de ser indelicada não te cansa?
Tópico um: Olha, devolve lá a cortesia que te dispensei.
Não podes ser assim tão antipática.
Briga?
Eu nunca brigo quando estou aborrecido.
A mentira entrou na minha vida há tempos e nem sei quem foi o primeiro que me disse: Isso está errado!
Vai ver não teve.
Nós dois estamos aqui. Com um problema sério a resolver.
A primeira vez que te quis foi com muita força.
Não sei explicar essas catástrofes cinéticas que arrebatam minhas vontades.
Posso te contar como é ser feliz? Faço isso em segredo que assim ninguém descobre que te enganaste, ok?
Então tá, fica com o teu vazio que do meu eu já estou farto.
Talvez tenha tido dores naquela madrugada, mas que te importa?
Pareces mais empenhada em ser assim... Como és! Eu também quero entender isso, mas prometo que vai ser a última coisa que tentarei contigo. Isto é, no dia em que me esforçar para entender, estou deixando o circo... Nada mais de espetáculos de conquista.
No dia do jogo de cartas eu estava nervoso.
Havia perdido a outra mulher da minha vida havia 30 minutos.
Tinha um nome antigo e um inevitável ar de distância.
Sabes o que eu disse?: Posso te beber?
Ela riu e disse: Claro!
Ai eu perdi o rumo... Isso sempre acontece.
Na praça tinham os espectadores do jogo de futebol. Vitoriosos e derrotados lado a lado embebidos de barulho e cerveja e eu ali, admirado pela beleza nada acidental daquela mulher.
Virei-me para ela e dei-lhe um beijo.
Nem sei para quê te conto isso.
Provavelmente já sabias da farsa toda... ou não?
Também tenho meus momentos.
Não podias achar que eras a única a desmantelar sentimentalidades.
Caso não saibas, treinei com a melhor das pessoas. Por acaso tinha o teu mesmo nome.
Como já te contei, ela me negou tudo. Mas tudo mesmo.
Ai me sobraram seus ensinamentos de silêncio, trago-os sempre que encontro pessoas assim... Isso, isso, como tu!
Agora já posso introduzir o tópico dois. Amor.
Não é justo que isso venha sempre por último, afinal, a busca de todo mundo acontece por ele, apesar disso e como recurso da minha embriaguez que assim seja.
Chega de drama, vamos ao que interessa.
Tens vontades estranhas ainda? Tal como agressões, cismas, mordidas e aquele suco na camisa branca para acabar de vez com qualquer expectativa de retorno?
Então estamos na mesma.
O mais engraçado é que meus braços ainda se lembram.
É difícil cultivar esquecimentos... Quando tentava, anos atrás, tinha dores de cabeça, coceiras e muita tristeza.
Agora acabou. Trago tudo comigo. Uma certa sabedoria dos anos em que andei sozinho, cultivando, igualmente, anúncios de eternidades.
Foi assim até aqui.
Agora tem um cansaço espaçoso que constrói muros e cercas aqui dentro. Não deixa as coisas que estão destinadas a sair seguirem seus rumos.
Também não sei se te interessa. Tampouco minha vontade de te contar é sincera.
Muito disso diz respeito às coisas que nunca ouvi de ti e talvez digam mesmo respeito àquelas que nunca te disse... Ou será que disse. Sempre falo demais.
Não esquenta, não vou começar nada. Tenho mais o ímpeto de fins.
Acertamos que aquela noite seria a última? Ou melhor, a única?
Nunca devíamos impedir as madrugadas desse jeito, não achas?
Se quero a tua opinião?
Não! Tenho as respostas. Só não esquece que o tempo consome tudo, ouviu? E para esse destino, só tem um remédio... Viver.
Dorme bem que eu já te perturbei demais.
Minhas lembranças pedem passagem. Um pouco da dor de ontem, também. Velhos vícios de querer demais.
Podes usar sozinha o sofá.
Talvez a friagem da noite te descubra e faça na tua pele aquilo que eu adorava ver acontecer. Não deixa o vento da noite te acariciar demais tá?, tenho ciúmes bem específicos em relação a isso.
Quando acordares esquece que isso se passou.
O tópico três vem para finalizar a conversa. Queria dizer isso de outra forma, atrever-me a interpretar esta tua permanência. Mas já não o faço.
Tenho nos olhos as ironias medonhas com que me presenteaste e o cansaço acumulado da ousadia.
Queria pedir-te mais da tua presença. Isso faria toda a diferença na partida, mesmo que essa fosse inevitável.
Tarde demais para impedir que entendas tudo errado eu sei, e mais, dói-me saber que assim o é. Sem coisas que ficarão ou se ficarem, estarão pela metade.
Paciência, o gozo disso tudo é saber que a alma existe e diz disparates vez por outra.
O amor... O maior deles. Aquilo que nem sequer ouviste de tão instantâneo que foi.

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