segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Agenda

O mesmo compromisso; marco com a caneta vermelha. Apontamentos em volta, todos de preto. Coisas assim que eu escrevia dentro da notícia antiga: por que será que demora tanto?; preciso do terno azul marinho; isto nunca mais acontecerá este ano. E por fora, ao redor daquelas palavras acetinadas que davam gosto de cheirar e tocar, acabavam as melhores frases: eu cuido disso, tua pele; ainda bem que abandonos passam rápido no teu relógio; o jantar está pronto - peixes do mar lunar. Acaba que os dias vão passando. Rumores vêm de longe a anunciam páginas repletas de coisas a fazer: cortar cabelo; presente do irmão; lavanderia; transplante de coração (mas só metade). E um dia chega o aniversário. Presente morto sobre a cômoda, comprado na loja que mais gostávamos. Um guiso dentro de uma bola. As lembranças agora têm seus próprios sons. As festas continuam. E o ano acaba: noite feliz é a pior música de sempre!!!; assassinatos planejados: fulano A, fulano B, fulano C (esse talvez eu perdoe... talvez). E outro chega: este ano farei tudo diferente, sabe aquelas coisas que costumava escrever sobre você? Ficaram para trás, mortas como um ano encadernado. Novinho em folha o ano branco se apresenta vulgar e triste, volto antigamente e à minha primeira reunião acrescento sem titubear: idem. Recurso que sinaliza o estar das coisas em mim.

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