terça-feira, 20 de abril de 2010

O que não ouso em presença alguma

No que penso sobre ela cria-se mar. E mar a gente vê sair da terra e lamber o chão mais forte quando a ira sufocada se liberta. Meu pensamento tem dons de andorinha. Escapa dos ventos tristes e instiga o verão descansado até que a temperatura em redor seja de morte. Naquilo que me sai quando ela brilha, existe um rumo que desconheço e por isso mesmo o sigo. Com a certeza de um menino nascido homem por entre as escotilhas dos segredos, por entre os buracos de fechadura. Através dos vértices mais femininos. À custa de muito esquecimento é que me lembro dela. Através de um quadro ou de um cristal. Através de suas coisas reclamadas. Por cima das nuvens ou na vitrine de uma loja de sapatos. Atada às minhas tarefas rotineiras. Pregada no emblema do meu ser. Enquanto ela se aduba em minhas instâncias mais desconhecidas, acontece uma vida inteira no jornal, uma catástrofe única em algum canto daqui e quando o vento bate e a madrugada cobra o preço de tanta urgência, fico a torcer para que este silêncio seja apenas o seu jeito de gritar por nós. J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa quanta urgência... quanta entrega. Lindos esses textos de agora. Não que os outros não sejam, mas estes parecem estar respondendo a algo muito intenso.

Lindo mesmo, parabés.