sábado, 10 de abril de 2010

A Estrela Negra

Os perfumes destilados em oficinas de terras antigas anunciam uma pérola tão bem guardada quanto um segredo de menina. Os odores forjam pegadas sentidas pelo olfato e pela história da paixão. Aproximei as duas narinas – a que cumpre sua função e a que esta lá para dar o equilíbrio – assoprei e surgiu um caminho invisível. Dois sois castanhos e uma supernova de onde saíam frases lânguidas e muitos desafios. Deitou a cabeça no meu peito, e então descobri o que a fazia tão especial. Uma estrela negra, vigiada por um colarinho zeloso, encravada numa parte do pescoço que a anatomia ainda não nomeou. Negra, pequena e alada, como os insetos minúsculos dados à umidade de boxes de banheiro, mas estrela, pois assentada em constelação láctea e sedosa ao toque dos dedos. Estrela sim, pois estava ali, sendo apenas, e fazendo-me sonhar que o negrume dessa minha noite eterna pode enredar apaziguamentos e doces aventuras.WDC

2 comentários:

Anônimo disse...

lindo... muito delicado e feminino

Anônimo disse...

Parabens
voces devem ter grandes inspiracoes para escrever tao bem assim.
amei...