segunda-feira, 12 de abril de 2010

Enquanto as certezas não vêm

Esperamos o dia inteiro. Guardando segredo sobre a ansiedade que ia aumentando a cada trabalho terminado, a cada hora passada. Talvez tenhamos nos encontrado secretamente na cota interminável de devaneios de que nossas mentes são capazes. Chega a tarde com seus tons de cinza. Vai chover. Lembrei da facilidade antiga de encontrarmos sorrisos dentro das coisas mais estúpidas e pensei em quanto tinha sido feliz ao seu lado. Minha pele deu conta de que não me pertence, mais uma vez. Terminava o relatório com a mesma fúria de quem está prestes a sair de férias e mesmo com tanto trabalho pela frente me senti despedindo as grandes responsabilidades e cada vez mais indo aos braços de uma incerteza que mais integrava do que dissipava. Aconteceu. Chegou a hora. Ela entra no carro. Achei que não daria a partida por que eu mesmo estava sem saber como agir. Ela então me disse que esperara tanto quanto eu. Liguei o carro. Ficamos ainda uns minutos parados. Em meio ao seu cheiro descobri coisas tão antigas e delicadas que foi como entrar novamente nos meus domínios, minha fé nos reencontros talvez tenha se refeito. Sem aviso, ela beijou minha mão e disse: vamos. Aquilo ativou encantos, cumplicidades e algumas dúvidas, mas fiquei com a forte impressão de que não cabia perguntar. E antes do fim da noite tive certeza de que muitas coisas ficariam ainda sem resposta. J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bonito. Depois de tanto tempo sem vir por aqui é bom saber que ainda tens o blog.

Abs,

Beta Vale