quarta-feira, 28 de abril de 2010

Àquilo que rouba os meus sentidos

"Nunca saberás o que é suficiente
enquanto não souberes o que é mais que suficiente."

William Blake

Há anos que tento compreender. Uma atração irresistível. É como uma fome incontrolável. Quanto mais detesto, mais insisto. É como um esforço que jamais acaba. Um líquido espesso demais para ser bebido. Aquilo que me vence é o que já não dorme comigo. Nem faz trégua. Traz coisa alguma no fim do dia. O que sinto é como um silêncio, nutrido em si mesmo é maior que o desejo de se tornar livre – a voz morta por dentro. Tem muitos nomes o que sinto. Tem muitas vidas e sensos e dimensões. É feito de lírios, coivara a céu aberto. Uma vereda indisponível a qualquer um. Abre-se fora do eixo de minha escolha e acontece, simplesmente. Vem e me ensina a ser como nunca fui. Uma máscara de infinidades. Uma mentira de acabar com o mundo. Tenho nesta coisa uma gana secular. É como uma ruptura que desafia a tudo e contra muitos pode se erguer e batalhar. Quando ouso enfrentar de frente esta sina, a única coisa que fica em mim é um vazio insuportavelmente frio. Como este que me faz escrever agora. J.M.N

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa que agonia...