domingo, 17 de janeiro de 2010

Todo poeta terá de se explicar um dia

Para todos a quem eu devo explicações.

As palavras causam pensa. Fazem caminhos tortinhos no saber da gente. Causam lívidos segredos de escuros quartos, de escondidos encontros. Cada oração ao ser criada se torna imediatamente uma lâmina, cega ou afiada. Que separa o que vai de bom em toda a carne. Destinada aos gentis passeios de um domingo qualquer ou às guerras na hora do fim. Cada letra se comporta como parte e nunca faz gosto na alma, quando sozinha. Esse é o segredo de dizer tudo integralmente, sem deixar restos no cimo da língua, nos cantos da casa do corpo. Esperando que os silêncios se encarreguem de esquecê-las. Silêncio serve apenas para ecoar com mais vontade o que se disse. Têm medo de estarem sozinhas essas meninas, palavras, e reagem furiosas quando lesadas, quando atraídas para bocas sem beijo, sem falas de amor. Um dia tenho de escrever novamente para os teus. Comer o pão da casa dela, cercado de perguntas clementes sobre o que sentia por ti. E repousar meus olhos sobre tua cicatriz, desejando ter sido eu a separar e unir tua pele. Escrever um poema acima de tuas vergonhas e explicar o que eu quis dizer quando afirmei que seria para sempre. J.M.N

6 comentários:

Anônimo disse...

Não pode acontecer isso, porque irá perder todo o sentomento do poema, beijocasss.

lívia disse...

O segredo do poeta não pode ser descoberto.bjs

Wagner Dias Caldeira disse...

O juízo final do poeta é feito de noites imensas em colos doloridos. De festivas pescarias em canais sujos da infância. De tortas alemães e vinhos baratos. De danação e redenção, enfim.

Anônimo disse...

Cada um sabe o que se passa pelo coração...

Anônimo disse...

"E repousar meus olhos sobre tua cicatriz, desejando ter sido eu a separar e unir tua pele." esta frase é linda. Que imagem.

Ana

Anônimo disse...

e que explicação... Lindo texto.