sábado, 30 de janeiro de 2010

Perguntas de Ontem VI

Andei até a outra esquina. Garanti que o sol escaldante das tardes daqui ficasse entre minha imagem e a vontade dos outros saberem o que eu fazia. Ninguém me via. Coloquei a mão no bolso aflito. Aquela agonia que sempre se instalava nas tardes em que nos entregávamos às fomes insaciáveis me veio de repente e acobertou toda a medicação distribuída por meus tendões e diafragma. Senti minha respiração abreviada e mais uma vez pensei que não suportaria deixar de ouvir tua voz por mais uns minutos. Liguei! Fora da área de cobertura. Subitamente tudo ficou desarrumado. Tudo, simplesmente, deixou de ter sentido. J.M.N

Pergunta de Ontem: o que te dá vontade de fazer quando o telefone não desfaz tua agonia?

9 comentários:

Anônimo disse...

...ir pessoalmente e falar tudo,quem sabe pode ser a última vez..

Anônimo disse...

quem sabe pode ser a eterna?

Anônimo disse...

...Quem sabe como boa teóloga,a eternidade pertence a Deus, e somente ele acredito eu,sabe o que esta escrito em nossos livros.

Anônimo disse...

Atravessar oceanos para olhar nos olhos dele e revelar finalmente aquilo que ficou guardado por anos e anos. Dormindo no fundo de meu diário, acrescido de saudade a cada bater de outros corações que me eternizaram. Qundo telefone não atende, a vontade é de morrer e matar, correr e gritar, até que as coisas mais impossíveis saiam de dentro da gente.

Anônimo disse...

De súbito,bate um desespero.É respirar fundo, e continuar tentando.

ana... disse...

...a agonia esvai-se quando se toca na primeira tecla do telemóvel...que marca um número... que mais não é que um pedido de socorro disfarçado de numeração...uma chamada de emergência para algum "curador" de angústias próprias que esperávamos e desejávamos o mais profundamente da nossa vontade que estivesse lá...naquele momento...porque simplesmente aquele não era o "curador" de nenhuma dor física, podia ser até o mais impreparado de todos...mas era aquele ouvinte que desapertava as amarras que prendem coração, alma, e um corpo dependente que sem estes está vazio...já so pesa...
no fundo...um som daquela voz curava, a ausência desse som dói...no momento...a seguir essa dor de ausência vai esmurecendo...até se transformar no nada...que era o nada que existia antes da angústia...que agora passou...mesmo sem ser ouvida...ou talvez por ter sido ouvida por "curadores" estranhos em presença, mas presentes em semelhanças de sentir...
mais tarde...a angústia vai voltar...e desaparecer...devagarinho...já passa...*

Anônimo disse...

Preencher com cimento esse meu músculo inquieto e pulsátil que se aninhou no meu peito desde antes do nascimento e nunca me deixou em paz. Tirá-la desse banho eterno que a impede de atender a bosta do celular. Ter raiva dela por mais que uma noite.

Wagner d.c.

Anônimo disse...

Descer de paraquedas pela janela dela e perguntar se todo emaranhado de códigos e linhas que me chegam náufragos vêm dela. Saber se já é só minha esta saudade desnorteadora e gritante. Saber se apenas as minhas noites são tão vazias. Quando ela não atende o telefone, deixo de saber o que ainda reside em mim de emoção e desejo.

Anônimo disse...

Ir ao 3ºandar do prédio da casa dele e perguntar porquê?Se a única coisa que fiz foi lhe amar e prestar devoção e isto, como a ninguém, diga-se,e correr os riscos que corri para esta ao lado dele e sentir poder está viva.Ser eu, sem me vestir das roupas que a sociedade nos pede que vista.Sentir a liberdade de ser plena nos braços de alguém e isso só ele me oferecia,parece que com ele eu libertava meus desejos.E quando ele não atendia a...daquele telefone eu queria morrer,gritar,entender o motivo de tanta recusa.Agora nem ligar eu posso.