sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Essencial

Ela fez lembrar de como eu era naqueles anos. De como arrumava minhas roupas e fingia ser o que não era por dentro e por fora, um estranho que eu frequentava constantemente, esperando um acolhimento que não vinha nunca. Ela fez lembrar de como eu transitava em todos os rumos, muito antes de os demais pensarem ser possível e de como liguei nosso mundo ao mundo deles, daqueles outros que pareciam ter a chave de nossa felicidade. Quão atávicas estas lembranças e conquistas. Quão bulímicas. Quão belas e imortais as palavras dela inaugurando minhas novas esquinas, meus novos pátios. Alhures um gosto amargo de despedida, a solda das vigas de minha estrutura trabalhada no breu da noite, a procurar olhos desavisados. Um porto ficando cada vez menor e as violetas ficando cada vez mais interiores. Impressionante mesmo foi seu tato de apanhar minhas impressões mais temidas e transformá-las, desde as dores, em cuidados, risos e tapetes macios para um sono alumbrado. J.M.N

2 comentários:

Anônimo disse...

''Amigo'' muito bela a descrição do essencial. Amei. Paula Menezes

Anônimo disse...

Gostei da percepção sua de essencial.O que vale mesmo nesta vida é um luz no caminho e paz de espírito.Belo texto.





Hellem