terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Brados, constatações e alguma poesia

Muito no íntimo dessas coisas que digo, reside um medo por não ter encontrado mais aqueles abraços guardados sob as asas dos anjos. E quando o calor se tornou insuportável, minha última esperança foi me jogar de cabeça no riacho. Eu falhei. E como disse isso às pessoas que amei foi a mais bruta façanha de tantas coisas absurdas que fiz na vida. Toda vez que encontro os papéis de presente, dou um minuto para recuperar o fôlego e, insistentemente, fico atrás das estrelas cadentes, dos cardumes de memórias epiteliais do último toque que amei. Confundo-me na inconstância dessas entregas e sou, nesses minutos, tão infantil e desprotegido que, não raro, recorro aos heróis dos mitos, aos personagens das revistas que foram de meu irmão mais velho. A missão de convencer-se da humanidade é a pior das esperas. Acontece, dizem, bem perto da morte. Voltando aos meus infinitos: quando chega aquele mês novamente e sinto que seu rosto está quase apagado, procuro um dia inteiro de sensações ao seu lado e vejo nisso a mais normal ascensão à loucura. Como não fosse suficiente acreditar que fui amado. E por mais que fujam as carnes de meus ossos, o compasso de meus batimentos cardíacos, estarei certo sempre que o argumento for afirmar que fui feliz. E em teus braços. Sob a flor que distinguia teus abraços daqueles desertos que percorri. Acorde, acorde amor noturno. Venha ver de que são feitas as minhas desistências e corra desatinado pelos campos verdes de minha esperança. Enquanto o dia de minha morte não chega, enquanto não praticam comigo a traição, sento à mesa preparada para o almoço e quase esqueço que não há o que comer, senão por quês. J.M.N

Benevides, 02 de janeiro 2010.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como tudo o que escreves este texto é muito intenso e apaixonado... além de apaixonante.

Lindo mesmo.

Ana