terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Que assim seja

Fúria minha, livrai-me da ternura e de qualquer outro sentimento que faça o coração pulsar azul. Dai-me a tormenta e a guerra. Sem trincheiras, por favor. Quero me preencher com uma química que não deixe sobreviventes ou significações. Hoje só quero o amor como pretexto pra uma lascívia qualquer. Abre dentro de mim uma senda sem retorno, uma clareira sem pousos, uma varanda sem cadeiras. Desmonta o que o processo civilizatório fez de mim e faz-me desejar a solidão como quem se lança ao mar. Quero ser a ilha vazia onde nasci. Ser menos que nada nem flor pra se cheirar. Quero estar apartado de tudo, inclusive da história compartilhada. Inclusive do tempo em que fui tão de alguém que não sobraram narrativas contáveis que forjassem, em amarelo artificioso, um final edificante. WDC

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