quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Parabolé

Para um comentário anônimo que resolvi deletar
e encher com minhas próprias palavras.

Ser palavra é dívida eterna. Mil faces sob mil outras intenções de uso. Quando usei tua linda presença para viver, apalavrei tudo quanto jamais senti. Em minha boca ou em minhas linhas as palavras que te representam formam mundos. Fazem ser melhor o caminho. Ao te ouvir de longe tão ferida ainda, fico mudo, pois tenho as palavras para deitar minhas dores. E o secreto escutar dos livros para morrer um pouco. Posso-te os emprestar. Diz-me imundo, traiçoeiro, indevido. Diz-me superado, ínfimo, péssimo amante, pois ao dizê-lo volto a ti. Assim como quando digo o que és em palavras, voltas a mim. Não foi um convite. Não há celebração de nada. Há palavra. Há vida compulsória, que é assim que sou ancestralmente. Sim, são apenas palavras. Como doença, destino, loucura, amor e perdão. São apenas letras enfileiradas num sentido, dando sustento às marcas de solidão – não esqueça, a minha e a tua. Prismas diversos. Dando alimento ao pensar e aos olhos para evitar o incômodo de não ter. Sim, são apenas palavras. As minhas, feitas da minha carne, passadas pelo que eu passei. Vida acontecida, nada mais. Terás razão quando perceberes, o acontecido tem sempre a densidade do que somos e não do que dizemos ou fizemos momento sim, outro não, depois de novo e, talvez, tantas vezes quanto for necessário para aprender. Minhas palavras são de reconhecimento e amor ainda hoje. E as tuas, de que são feitas? J.M.N.

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi de novo,

Voltando depois de um tempão.
Que texto lindo. Não esquece de marcar o sarau em outubro. Estarei em Belém.

Mia.

Anônimo disse...

“O que escuto em igual cuidado com que digo as coisas a outros é minha proteção derradeira, minha batalha neste mundo de desatino e solidão.

Antes procurava ter palavras para dizer aos outros, para acalmá-los, para fazê-los ficar bem, porém apenas encontrei minha felicidade quando fiz das palavras meus ouvidos e minha cama.” T.K.Solonze

Querido amigo,

Suas palavras de ontem (... hoje e sempre) me lembraram disso. Amo vir até aqui lê-lo.

Um beijo,

Tereza

Anônimo disse...

Belo texto.

Sim, morreria por coisas assim escritas para mim.

M.

Anônimo disse...

As minhas sao feitas da vontade de conhecer de perto quem escreve coisas taolindas. Sou uma grande fa do se blog.

Bjs.

Amanda

Anônimo disse...

Que porrada heim? Que porrada!