segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Descabido

E agora, meu peito?
São apenas minutas as cartas de ontem
A entrega morreu à sua porta
De tão desfeita e ignorada
Minha velocidade desperdiçada
Enquanto corria perdi o rumo
Dos teus calcanhares, mendigo
Era eu ou nós dois
Onde ficou a noite que era nossa cola?
Deitou-se no mar de perguntas
Nas costas de deusa nenhuma
E eu que estou sozinho
Tossindo risos sem nada mais que expelir
É tudo duro e seco e sem lábio
Um beijo áspero que machuca e consome
Onde anda a sensação?
Enquanto invento essas maldições
É tudo um só desespero na carne
Enquanto a porta denunciava a partida
Eu ficava sem chão para sempre

J.M.N.

Brasília, 20 de agosto de 2010

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo texto... lindo mesmo.
Melancólico, porém entregue.
Gosto muito da tua forma de falar das dores de todos nós.

Beijos,

Cláudia

Anônimo disse...

Que dolorido isso...