segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O corpo da gente

Refeito das misérias, dos tempos sem toque, aflora vermelho e quente
Quem disse que só se pode amar de um dos lados?
Quando vi a moça vindo, sorridente e pensativa tive um cheiro de imaginação que dizia:
- Coisada de amor toda essa daí
E voltei a sonhar com alfazema e uma cama de seda enfeitada com ela nua por sobre
A tarde já era um desmaio só e a preguiça reinando, descascar do dia
Quando vi tinha um vento soprando na nuca e a palma da mão fazendo água que nem canoa furada
A moça veio de novo na cabeça. Era aquilo que eu queria
E fui correndo pela cidade. Crispado no pezinho de noite que se arrumava
No coração um só agosto palpitando
E na velocidade dos pés, a agonia de chegar e ficar coisado eu mesmo
Todo beijado de suor e praqueissos. Todo enfeitado dela.

J.M.N.

3 comentários:

Anônimo disse...

Um delírio esse teu texto...Quem dera as possibilidades...

Anônimo disse...

"Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva."

Entre o ser e as coisas - Carlos Drummond de Andrade, 1951

É nisso que penso quando te leio.

Lindos estes poemas.

Anônimo disse...

Putz! Que maravilha esse texto.. Sensual a beça.

Bjoka.

Lia.