Para… Ninguém
A mordida aconteceu. Tirou pedaço. Foi mais forte que o aço que escora a estrutura desse meu abandono latente e familiar. Foi bom saber que estava tudo errado. Mesmo com a dor. Nada é em vão, senão morrer sem ter tentado. Eu quero sim todos os créditos por tuas feridas, para estarmos sempre reconhecidos nas costas um do outro. Para sabermos sempre que feridas abertas são vias de mão dupla no caso do amor. Hoje faço as escolhas. Não ando mais à deriva de mim, acontecendo nos espaços ínfimos e devastadores de meus desejos adormecidos. Hoje trago na vigília o saber olhar para frente. Passado desfeito e tênis de corrida. Não encaro a estrada com cansaço. A primeira geração dos românticos se contorceria para me ter, tamanha esperança de amar desavisado e pleno. Louco em agravar as mesmas feridas que queres curar. Um mal amar de candeia, de portas fechadas e camas aflitas. Um amor de egoísmo e seita, ocaso e fração de verdades. Um amor que mesmo da deserta solidão de tua indiferença atingiu as palavras mortas. Vê, nada que sai mesmo no ódio da agonia é em vão. Mesmo as traças que destroem os livros têm uma razão. Ao comer as palavras, elas forçam a gente a trazê-las sempre na boca. J.M.N.
3 comentários:
E esse "para ninguém"...?
Prudência ou sarcasmo?
E tem como separar os dois?
Ninguém pode significar também, pessoa nenhuma, não é mesmo? Como um personagem que inventamos para dar significado a alguma coisa... ou a alguém
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