domingo, 29 de agosto de 2010

Contos da paixão corpórea (II)

Reginaldo Machado derrubava castanheiras. Quando elas acabaram sobrou mais tempo para dedicar-se ao amor. Descobriu-se presa fácil do ciúme. Mais ciumento que cobra de reguardo, diziam os poucos amigos. De tanta desconfiança adoeceu que precisou ser internado. No seu prontuário constava, à guisa de diagnóstico, esquizofrenia paranóide. Uma noite fugiu para dormir em casa. Voltou pela manhã dizendo que fora ver o que a namorada aprontava. Desconfiava que a moça andava a enfeitar sua cabeça com vexames. O médico, representante da razão e herdeiro da objetividade, levantou-lhe o boné e, depois de rápido exame, informou-lhe que ali só havia cabelos. Reginaldo olhou o homem de branco e, professoral, ensinou: Doutor, chifre não aparece, só dói. WDC

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara eu adorei muito bacana!