Noite tristeza apertando as pálpebras. Canção fazendo ponto na saudade que emana. Estou como um preso, debruçado entre as grades esperando o tempo lentíssimo do cárcere, passar.
E não prometo quase movimentos aos músculos. Ando todo endividado. Antes era o tempo em pessoa, sempre correndo, sempre andando.
Não deito mais. Conforme a quentura do leite desfaz meu receio, vou tardando em morrer.
E vejo sua imagem passando. Subindo escadas em um supermercado. A noite ainda vai dar cabo de toda minha bebida estrangeira.
No escambo entre esta vida e minhas dádivas e trapaças e responsabilidades de humano, sai perdendo uma vez que a soltura não esteve jamais em questão. Ando tapando buracos.
A cordilheira de seu corpo. As dúzias de dor de cabeça. Poeira enfurnada nas estantes. Quando haverá outro dia esperança? Morre o registro do seu cheiro. Quero ir também.
O beijo tem gosto de abuso. Violência. Gratuidade encontrada dentro da noite, do intervalo das festas. Abraço nenhum reporta segredos como aquele primeiro abraço que te dei.
Sempre fechando as portas. Como estarei cumprido no final de tudo?
E se for para esses beijos nascerem assim, que venham, ao menos, lembrando o sussurro de minhas primeiras vontades contigo. A eletricidade contida no céu. Céu de tua boca.
Hoje os beijos são emancipados e perdidos e a felicidade que me causam está aprumada na conquista da carne beijada. E nada mais. J.M.N.
Para ler escutando…
6 comentários:
Doeu.
Concordo plenamente com o post acima... Doeu!
Bjs.
Mel.
A música e o vídeo fazem sentir o sofrimento de que escrevu. Muito bem escolhidos os acompanhamentos
Desconfio que faltaram uns créditos aí pra música. Rs.
Wagner
Quando me deste o endereço do blog foi quase sem pretensão. Era um fim de noite e já estávamos dizendo tchau. Não imaginava o que encontraria. Nossa, isso merecia mesmo uma outra noite de explicações...
Lindo. Amei tudo.
Rebeca
Lindo texto muito lindo mesmo. De uma sensibilidade enorme.
B.
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