sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Porque ela disse “quem sabe?”

“Na dúvida me reconheço.
Quando ela propõe incertezas,
amo-a de fazer universos,
amo-a
como um demente animal.”

Cantídio – O livro dos esforços mínimos

Hoje acordei propenso a simplicidades e idolatrias. Me vens sem compromisso, mas por primeiro. Não herdaste nada do nosso último encontro. Eu, entretanto, fiquei com os pesos, os ouros, trejeitos até. Aumentas a frequência da tua música. Impetuosa e certeira como uma corredora de curtas distâncias. Me chamas aos fatos. E pedes. Que nosso maior encanto seja o silêncio esmagador dos nossos olhos se encontrando, a despeito do toque e do sabor que dedicamos um ao outro dentro dos beijos. Aproveito para chorar. Pois é impossível resistir ao arrebatamento do que dizes e perfazes em mim com esses pedidos e tão poucas loucuras. De minha parte, tenho essa enorme agonia ao ouvir teu nome palpitando em mim. Um frenesi desalmado que me entope os ouvidos e não repara nunca se está sendo depravado ou íntimo, mortal ou singelo. Não acho que deva pedir desculpas. Nossa energia de atração é essa. Uma estrela gigante em permanente nascer. Nada há de mais enérgico do que uma estrela nascendo. E no que declaro isso em voz amena estou implicado. Enlaçado na possibilidade de mais ser. Agora sim reclamas teu lugar devido. E como não há mais tempo para distâncias, desalojo meus órgãos e te ponho pra dentro. Tal como te sinto, me sentirás intensamente em nossas próximas pulsações e sentidos. Mesmo que nosso tempo não passe de um segundo. J.M.N.

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