terça-feira, 18 de novembro de 2008

Os sinos

O que eu ouço são sinos. Dobrando-se longe dos olhos que procuram. Porque soares de sinos têm de ser invisíveis. Ouço-os, pois sinto presenças. E também porque admiro. Os sinos soam em limites de dor e palavras que sangram. Como eu, algumas vezes. Tenho os sons dos sinos embutidos. Aliciando meus tímpanos, como se fossem conversas de amor. Não existem campanários para os sinos das minhas breves alucinações matutinas. Não estão eles em igrejas. Eles vêm de distâncias não sabidas. Ecoam porque limpos, banhados em orvalhos ou lágrimas, mas silenciam às claques absurdas, como quando ditadores se impõem às multidões. Meus sinos são sacros. Meus sentimentos inundam. Meus sinos, enfim, existem e dobram porque estás em mim.

2 comentários:

Vivi disse...

"Meus sinos, enfim, existem e dobram porque estás em mim".
Neto, feliz o momento em que a Drica me apresentou às suas Palavras de Ontem. São belíssimas! Essa frase me tocou profundo, e estão badalando até agora... Voltarei mais vezes!
Abraços mineiros/paraenses!

Palavra de Ontem disse...

Serás sempre bem-vinda Vivi.
Um abraço.
JMN