terça-feira, 18 de novembro de 2008

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Antes eu tinha mania de ser escuro. De andar de preto e versar sobre autores impossíveis. Criava os livros que eu desejava que ninguém conhecesse e também os labirintos nas falas e artimanhas de esconder minhas paixões. Vivi nisso até que ela me deteve. No dia cinco de Setembro de um ano qualquer. Ela derrubou meus muros com uma frase certeira: - tu és tão teatral! E foi assim que se instalou no meu palco. Como se nada mais lhe pudesse mexer ou desviar, ficou me olhando. Bem para dentro e cada vez mais. Até hoje. Escrevo estas linhas com ela fazendo alimentos para nossa fome de gente, enfiada nos trajes estampados que a fazem tão íntima. Ela se sente pequena e eu, demasiado teatral para fazê-la desacreditar em mim. Também já não posso. – Vou já amor, acabo de gritar. Tenho um presente para ela. Sei que vai amar. Depois da cozinha me fará cessar outras fomes e eu poderei lhe contar as histórias que invento apenas para poder ver em seu rosto, o sorriso de que tanto gosto.

Um comentário:

Drica disse...

Amor, me emocionei muitão quando leste este texto para mim.
Antes eu achava que para uma pessoa tão teatral, seria suficiente ter uma platéia atenta. Hoje tenho a certeza de que é importante estar no palco atuando ao seu lado, pois assim tudo fica muito mais interessante.