quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Po(e)magem #7

Sobre a bela e trágica imagem
partilhada por Imad Alremony
Em: 06.12.2012

homeless

Trago nas costas a minha casa
Mas não sou um bicho, um crustáceo – fugitivo, refugiado?
Quem sabe circunscrito num mundo de mil imagens, afeto não
Estou à espera. No mesmo lugar de ontem
Nas mesmas perguntas, mergulhado há anos:
- Sou de quando? Quem me sabe? Quem redime?
E sigo calando a tua verdade – não há paz que se compre
Não há mundo melhor, sem que crianças não tenham abrigo
Sem que imagens denunciem o que não temos:
Razão ou tempo para cruzar os braços!

J.M.N.

2 comentários:

Anônimo disse...

As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a
pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e
mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e
mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.

Os ninguéns de Eduardo Galeano.

Patrícia Ventura disse...

Profundo, verdadeiro, real...Atual. Boa noite Professor.
http://www.recantodasletras.com.br/autores/patriciaventura