sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Meus medos

O que faço com o que fica?
Essas chusmas de toadas e trovões me alteram
Alteram a face de como, antes de dar, eu recebi
Eu me escondo do agora. Esse tempo que carcome minha digital
Está o volume dos exemplares aumentando
De amores, os melhores; dos beijos, os mais molhados; está sobre mim o que eu fiz de errado
O muito de endereço, onde mora minha desculpa. Longa sala de espera
Os ossos culminando minha estrutura desde sempre abalada
Nasci, quem sabe, com um pedaço faltando
O que faço com quem me deu seus quartos, esperanças;
Com quem me deu esse lago de água mansa que eu não cuido?
Sou de lança e ruptura, não sufrago penas, as escuto; cumpri-las é outra coisa
De quando o vento assoprou os termos do absurdo, me sobrou a tinta
Com a qual traço o indigitável artifício de amar para sempre
De tudo o que ficou, das sementes, apenas a clareza é que cultivo
E ela não funciona quando, de olhos, fechados, peço perdão pelo que mais me assuta. J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

"O senhor sabe o que silêncio é? É a gente mesmo, demais. Vivendo se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas. A gente sabe mais, de um homem, é o que ele esconde. A gente só sabe bem aquilo que não entende. Amor é a gente querendo achar o que é da gente."

João Guimarães Rosa
(Grande sertão: veredas)