terça-feira, 17 de julho de 2012

Porque já houve um amanhã

Hoje penso no amanhã como uma janela sempre aberta. Nada de morrer novo e com muitas histórias mal contadas sobre mim. Amores por ai pensando no que fazer com minha loucura. O que fiz, fiz nesta existência, sob a ocupação noturna das estrelas. Em nome de romances que nem sequer escrevi, porém, contei a tantos. Vivi mais humano que muitos, subitamente entregue à manhã das manhãs. Acordei como água nascente. A lamber a terra de todos os caminhos. Algumas vezes fiz desgraças. O peso dessas lições ainda está. Por vezes eu fiz pessoas amadas sofrerem, mas não sem antes sofrer imenso. Há mais uma nota a ser escrita. Mais uma data a comemorar. O dia exato em que nasceram a latitude e a longitude do que fui e sinto nesta altura da vida. Este dia que vai morrendo. E porque o tempo já vai seguro em novo barco, posso dizer. Posso açoitar lembranças com as nossas lembranças. Posso fisgar os peixinhos cardumes de quando eu fazia a felicidade deste dia. Data de abrir-se. Entre abraços e cópulas com as palavras vou me saciando a existir, sem medo, nas lembranças deste dia. E se repito isso por mais um ano é por não haver razão em desfazer as relíquias. Ainda não há sentido fazer-lhes de testamento. Haverá o dia certo para esse pago. Enquanto isso, repito brados e a vocação de extinguir-me entre os braços amados, oferecer a distância segura e o morno da carne num beijo comprometido. Apenas para celebrar quem renasce em mim, independente dos calendários, de convites ou das palavras. J.M.N.

Para ler escutando…

Um comentário:

Adelaíde Ferreira de disse...

Dissolver-se nos braços amados...E lembrar disto sempre que der vontade... E renascer... Com paixão e vida... É bom ler isso hj! Bjks