quinta-feira, 28 de junho de 2012

Isso é de quando eu morri

Eu inventava mundos. Era divino
Mamãe me passava pimenta para não roer os dedos
Eu chupava o ardor dos dedos que não roía
Eu matava a minha mãe, já muito pequeno
Não de ira, matava de horror. Ela não me sabia
Nem Ela nem ninguém me sabe. Isso é de vida
Minha dívida para com a sorte
Ninguém saber de você é não existir – diziam
Mas como eu vivo?
Isso não faz calo na minha pensa
Não diz mais que a certeza de que é cada um por si
Isso não é de quando eu virei amendoim de tanto que doía
Isso eu não aprendi no catecismo
Minha divindade padecera
Eu já não criava mundos, eu trabalhava
Eu era fiel. Trazia alimento a um amor de prateleira
Isso não era de estanho. Não durou o que eu durei
Isso é de quando eu morri

J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

Descoberta e invenção. Cheiras bem. Tens a forma que melhor se encaixa em mim. Após o árduo trabalho, congregamos. Amar livremente exige trabalho árduo. O platônico se alimenta de belas palavras.