sexta-feira, 9 de março de 2012

Cansaço

Que querem de mim esses dias? Acho que as horas me ultrapassaram. Fiquei para trás. Não esperando. Suspenso. À vontade com o corpo nulo e o coração neutro. Esses dias me são mistérios completos. Cada qual com uma indagação fria. À porta da noite, sempre me reservam a maior das surpresas. Ontem foi o quilate formidável de uma estrela que despencava. Veio riscando aquele negro de onde estava até meu fundo. O consenso entre o cosmo e minha alma era só ficar em silêncio, esperando os exploradores e os noturnos seres que adoram as estrelas. Esses dias de agosto que acontecem logo nesse início de ano para me afrontar e lembrar que partida igual àquela não será tão cedo. E respiro essa água do mar verde que me encima e bisbilhota ancestrais como um livro de fatos, um almanaque. Vou nele registrar meus jogos, meus divertimentos e descubro que são tão pouco. Mesmerizado por esse pouco de coisas que me inundam e ampliam como ondas sonoras em conversa com o vento. Vou-me indo como em palavras sagradas, polidas a instigar humanos à força contra um Outro maligno que não se apresenta nunca, pois já aqui está. Benzinho entre nós. De chapéus ou parcas, escondido sob a luz fina de ruas desertas. Esse Outro que mexeu no meu relógio e senta agora enquanto escrevo ao meu lado. Ponho minha mão sobre a sua. Vemos um filme e vou dormir com aquele mundo inteiro sobre as costas. Não bastasse ter feito seus próprios descuidos. O mundo inteiro pede perdão em seu rumo. Que sou eu para negar? J.M.N.

2 comentários:

Anônimo disse...

Era ele estar por longe, e eu só nele pensava... foi descuido esse gostar...

Anônimo disse...

OS CORPOS SE ENTENDEM!