segunda-feira, 6 de abril de 2009

Inconstância

Ainda que se acumulem os calores dos verões sensacionais da infância. Ainda que se descubram novas evidências de que somos mais animais do que humanos e que toda nossa enormidade de pensamento se descubra um coacho na história do mundo. Mesmo assim terei que discutir com a morte as condições de minha passagem para o lado de lá. Ou para o continente devolvido do antes de nascer e ser. Ainda que minerais constatem minha fragilidade com suas vidas milenares e aditivos de cobalto e radiação destrutiva reformulem meu dna e minha ontologia. Ainda que xamãs criem chuvas seculares, estarei esperando o sorriso dela. Suas mãos desconhecidas e ágeis desenhando gerâneos, arqueando as horas em meu relógio de pulso e fazendo os batimentos cardíacos erruinarem a compostura da troca sanguínea. Estarei seguramente entre mundos ficcionais, entre beijos apaixonados, mas estarei como o elemento imaginado dos gênios da física, para o qual um segundo é eternidade ao quadrado e uma vida inteira de espera é apenas a certeza de que é possível que os finais sejam começos e estes, apenas miragens de um fim constante, mas desejável. J.M.N

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