terça-feira, 16 de dezembro de 2008

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Era apenas por querer que a noite sempre se aproximava mais lenta. Desejava que viesse rápida, logo ao fim da manhã. Depois da primeira parte do trabalho já poderia ter aqueles olhos imensos a guardar-me toda a dor dos dias antes sozinhos, esquecendo-se de meus incômodos durante alguns momentos. Era apenas por que isso era impossível que mais o desejava. Como as verdades que ficam escondidas nas coisas brutas que saem das bocas durante as brigas de amor. Dizer que se não acontecer assim ou assado “vamos embora para sempre” é a pior desfeita que se pode pronunciar. Era por ter certeza de que isso um dia viria a ser verdade, que sumi. Mas deixei a porta entreaberta. Sempre há esperanças nas frestas das portas e nos espaços desconhecidos. Um dia ela chegou em casa e me disse que estava cansada. Resolvi que era comigo e mudei, de desejo para esquecimento. Hoje não há améns e nem as mentiras bonitas que me faziam tão feliz. Cansada de quê? Eu pensava. De mim, de nós? Deixei a porta aberta e muitos quereres não ditos e foi por isso que a noite entrou para sempre em nossa casa, porque não soubemos descortinar os dias pouco a pouco.

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