Quem me mostra os caminhos longes agora? Estou apenas eu, meu corpo branco, meu reumatismo a toda. Em que Cristo hei de calar essa dor de antigamente, de colonial e franzino homem burguês sem liberdade, sem seus poderes de ancestrais? Meus negros do outro lado me conservam em suas cartas, quiçá memórias. E me escrevem dizendo saudades que me delineiam e confortam. Aqueles meus negros tão padecidos, meus amigos de toda hora. Minha imagem indo e vindo entre seus dedos de apagar solidões de há séculos. Tanta força bruta que eles passaram. E à deriva. Hoje despertei com meu peito ardendo. Quero ser o branco deles. Que arrumem quartos de hóspede novamente. Eu me sentindo em senzala de dívida para com eles. Tão bem tratado que eu era. Sua música única a colorir meus dias menos prestimosos. Ah aquele continente que não conheço, me esmiúça e nem sabe. Eles que se chegaram a mim perguntando se tinha lugar para eles em minha mesa – vejam isso! Sodade de quem mostra' bo ess caminho longe. De quem ao se despedir não diz adeus, diz estamos juntos. Estou-lhes junto. Estamos todos, pouco sabemos. J.M.N.
Trilha sonora…
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