quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Porque não chove mais sobre mim?

Eu te chamo do meio da terra
Foste enterrada
Meio metro da entrada de meu quintal
Queria essa proximidade de visita
Ia beber água e te jogava um copo
Teu corpo me recebia manhã e noite
Estavas lá
A capturar-me Senhora deste e do outro mundo
Como dançar sob a Lua com olhos térreos
Como os teus?
Não pude mais
Durante a última tempestade movi teu corpo
Refiz a terra de teu sono eterno muito além
Perto das terras do Senhor Coronel
Perto das roseiras para o grená da tua dor
Hoje eu bebo a água toda de meu copo
Uso e reuso o solo de minha casa
Hoje eu descanso ensolarado e descanso
A chuva cai sobre os campos
Esta visão é como um quadro bem pintado
Posso ver e sentir, não posso (e não quero)
Jamais voltar a tocar.

J.M.N.

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