Que faço com as horas e os ponteiros que as desenham? Devo chutá-los, torcer seu círculo e começar a contar desde o começo?
Farei como tantos: seguirei. Roubando sua foice a cada oportunidade. Que jamais é para onde se mudou a última de minhas consciências e farei de tudo para ultrapassar todas as cercas.
Digo-lhe – ao tempo – que faço moinhos, que invento telescópios. Digo-lhe, talvez, que cairei da esfera, mas não ainda. Não sem praticar a loucura um pouco mais, não sem esticar as cordas vocais para cerzir um amor que nasce.
Digo-lhe que há poemas demais em meu sono, que a terça parte de minha carcaça ainda responde involuntariamente ao belo de tudo em redor.
Direi ao tempo que se mude. Que vá ocupar o infinito. Até que minha ótica obscureça e que minhas letras não digam nada mais senão silêncio. J.M.N.
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