Da linha sobre a água – Tenso, o líquido me suporta, qual o
peso de imodestos arranha-céus. Sob as vigas o infinito transparente da
mistura. E a textura dos meus sonhos, espessa, embora fluída, temperatura
neutra que me aconchega. E dentro disso imagino poder demais e sobre tudo.
Estreio a bondade do abrigo e dou de beber a quem sentar comigo. Sobre essa
película que me dá estrado e consome, dizer amor é mais que um perigo. É optar
em viver entre afundar e renascer.
Do sorriso do menino – Seu canto de boca tão denso, esconde a
minha verdade. Te sou. Me és. Sei lá. Não pretendo acertar. Não pretendo morrer
sem dizer que errei. Mas o fiz, sinceramente, esperando acertar. Quando te
trouxeram da sala, prestes a ser quem mais me tem, eu senti como fosse de lava
e pressão e a Terra toda pudesse perecer diante de um único grito meu. Assim
que sorriste, uma calma. Uma pegada sozinha no centro do meu ser. Que ainda
está. O gosto intenso da completude imediata que só reaparece, trazendo alento,
quando dizes estar sentindo a minha falta.
Das mãos de maciez incrível – É despertar milímetro a
milímetro. Sob umas tais estrelas que vêm e tocam epiderme. E assustam de tanto
brilho e calor. Nos põem divididos, a serviço da loucura. Procurando a metade
que anda mesmo ao lado. São as mãos de um monstro há muito derrotado, ou
miríades intrusas apelando sentidos a todos os meus neurônios. Não sei se
acordo, se imploro, se me dedico. Não há razão que me explique este nascimento
dentro de mim mesmo e posso apenas pedir, ou rezar, para que me firas logo,
para que saias de mim ou para que mergulhe definitivamente naquilo que chamo de
dentro, pois assim talvez entenda e absorva esse toque como o despertar
instantâneo de toda a minha esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário