Retorno do exílio. Menos anjo ou bandido. Menos certo sobre
ter e querer. O ser é quem propõe se reconciliar. Atenderei ao pedido. Antes,
porém, uma última joça, um derradeiro assassínio. Na ponta da faca extermino a
rudeza, a impropriedade de chamar ao outro, canalha. Dirijam a mim as palavras
malditas, as vespas da morte. E, sobrando coragem, atirem a bosta dos estábulos
em meu rosto claro, dado sem pudor ao que corre nestes dias. A vida não deve
ser entre cortinas. Digam, mas digam rosnando. Furiosos de estar em presença de
quem apenas escolheu receber-lhes. Quero ser concebido sem pecado e para isso, o
auto-perdão, uns petardos e a revolução radical do amor ululante, do abraço ao
demente, reconhecendo-lhe a igualdade afirmando em contrato que mesmo se
decidirem abrandar seus nomes, não se rasgará a liberdade que apenas este – o louco,
o outro, o lobo em todos nós – olhando nos olhos do mundo, demonstra razão e
músculo para duvidar de mim, de ti e de toda e qualquer imagem. Volto não do
deserto ou do silêncio. Volto de onde me disseram que eu era igual – um estúpido
pedaço de carne e tempo que ainda teima acreditar em si mesmo. J.M.N.
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