Sim, elas me doem como a última expressão da liberdade que será perdida daqui a uns dias. Elas corroboram a minha condição sem mais nem menos, sendo apenas aquilo que eu não sou. Suas perguntas, minhas ofensas. Minha senha para a traição. A mentira de querer voltar para reparar tudo, pela última vez. Tudo isso me dói como se fosse uma mulher encravada no canto mais inflamado de minhas unhas. Queria me livrar delas, mas parece que estão nos meus átrios e ventrículos. Queria expeli-las tosse afora, mas estão oclusas em meus bronquíolos, em minhas vênulas. Mais secretas e artistas do que eu poderei ser um dia. Estas linhas delas. Minha rudez e preconceito se esvaindo pelo amor gutural que me preenche quando elas chegam. Aquela impressão de instantâneo que tem o filme recém-apresentado à luz. Tudo o que é delas me retrata, tudo o que eu sou já foi nelas também. E mesmo assim, secretamente fico incrível ao topar com uma novidade que explode num novo beijo. De dentro de um nome descoberto, de um adeus dado com mais entusiasmo. Essas mistura indivisível que nos torna elementos combinados da mesma substância. Procurá-las, vê-las, magoá-las e depois sofrer mais que antes é simplesmente ser homem. Função demais para alguns. J.M.N.
Nenhum comentário:
Postar um comentário