quinta-feira, 25 de abril de 2013

Reboco

Arranho as unhas nas paredes nuas
Firo, incontável
Perco o rumo, anão imenso esse amor
Me assusta e vence

Sou da parede quando ela me empresta a dúvida
A casa cai sem ela?
Subo as escadas, o paraíso
Ando por naves e níveis de pó

Oboé tocado assim quase me nasce
Mas intercalas
O suave meretrício da minha náusea
Com vícios de verme e pudor
Tuas pernas assim abertas

Comem o tato, a palidez da virtude
Expande, tudo quanto não nutre
Resseco, avassalado
A casa não cai sem ela

Eu é que não tenho onde morar

J.M.N.

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