Sobre o teu corpo, uma esteira ao sol me esperando. Eu principiei meu fogo, meus pelos íntimos encontraram os teus e fizemos um filho. Naquele dia atrás do vento corríamos soltos, desesperados por ninguém nos seguir. Achávamos que o mundo era nosso. Onde foi parar a esperança? Não sei! De todo modo é ultrajante que te aproximes de mim apenas pelas contas do fim do mês. E de todos os recados diários que deixas, o que mais odeio é o que me lembra de fechar a porta da geladeira. E daí, se deixo fugir o frio? Onde estamos? Ancorados nos exílios escolhidos. Eu nas Antilhas, tu no Ártico. Precisamos de mapas e de corações tementes a alguém maior que todos. Quem sabe Deus volta aos nossos encontros. Não reza agora, ainda estou dizendo frases infernais. Mas eu te amo. Por hora vale dizer que ainda sou teu. E que o sol que nos fez nascer e criar outra vida ainda me banha. Farei menos segredo disso de agora em diante. Desde que faças menos drama sobre a geladeira aberta. J.M.N.
Nenhum comentário:
Postar um comentário